terça-feira, 27 de setembro de 2011

Greve geral


Se tem um País que curte uma greve, é esse nosso. Só nesta semana, Correios e bancários em greve geral. Contas duplamente atrasadas, porque apesar de outros estabelecimentos aceitarem o pagamento e qualquer pessoa com acesso a internet conseguir segunda via, o sistema sempre entra em greve junto.

Not-not-notoooorious.


A greve dos Correios tem deixado cachorros deprimidos Brasil a fora. Latir pra quem, se o carteiro sumiu? Deixou uma carta e desapareceu... Qualquer batida de palmas na porta gera aquela euforia do "ele voltou!!", seguida da decepção de não ser ele, mas sim o cara da Eletropaulo vindo medir a luz. Medir a luz duma conta que, se chegar, será com atraso.

Mas que se danem as contas e o carteiro que nunca me traz outra coisa que não sejam contas. Pior é a greve de amor ao próximo que assola essa terra há anos. E só piora.
Antes de sumir, o carteiro ao menos entregou uma salgada conta. Deu 'bom dia', virou as costas e desapareceu.



A encomenda que não chega, a conta que atrasou, tudo isso se pode negociar. O que não tem como negociar é a falta da presença, a greve de afeto, porque nem da natureza é. Qualquer lagarta precisa de outra.
Aqui mágoa é dívida, e dívidas devem ser pagas, em 1, 2 ou 50 vezes. Tá devendo? Errou a mão no consumo do amor alheio e não pagou o carnê? Negocie a sua.


De nada adianta dar razão aos bancários e/ou aos carteiros, se você é um(a) grevista profissional em outros terrenos da vida, seja no amor, na inteligência, na camaradagem.

Greve é a cessação coletiva e voluntária do trabalho realizada por trabalhadores com o propósito de obter benefícios, como aumento de salário, melhoria de condições de trabalho ou direitos trabalhistas, ou para evitar a perda de benefícios. Por extensão, pode referir-se à cessação coletiva e voluntária de quaisquer atividades, remuneradas ou não, para protestar contra algo(de conformidade com a "Consolidação das Leis do Trabalho(CLT)". - Wikipedia

Nessa greve de amor, você reivindica o quê?


sexta-feira, 23 de setembro de 2011

Dead woman walking


Não existe lugar pior no mundo do que rodoviária. É onde circulam milhares de pessoas, mas a solidão é reinante. Alguns chegando, outros partindo, cada um com os seus problemas.

Eu detesto.

Como geralmente estou ali contra a minha vontade, a minha cara nunca é das mais amistosas. E obviamente isto não impede que puxem assunto comigo - ou atrai, sei lá. Amigo, desculpe, mas me deixe só com a minha derrota, porque esta sim, nunca me abandona.
Quando eu tô chegando, tudo é lindo. A fila no guichê do Bilhete Único, o mau humor no stand de créditos para celular, o povo que nunca viu escada rolante na vida, tudo. Voltando não, voltando é derrota, é cara na lona, sem revanche e sem contagem de pontos.

Eu chego rezando pra não ter que voltar, mas até agora não ouviram as minhas preces.

Nas horas que sigo sentada, esperando Godot, esperando a forca sobre rodas, tento, desesperada, uma última oração, soada de gongo, algo que me impeça de ir, que me livre da queda do banquinho ou da abertura do alçapão sob meus pés. Um maldito Zorro que fosse.

Nunca acontece.

Aí a reza muda para "que pelo menos o ônibus vá vazio", porque ainda pior do que a forca, é quando junto dela tem uma plateia animada.
Às vezes algum anjo estagiário fica com dó da minha oratória descontrol e atende este último suspiro.
Enquanto escrevo, sentada num pedaço de concreto - os bancos estão lotados - estou na fé daquelas que dizem remover montanhas para que eu siga o meu caminho Dutra a fora, sozinha na poltrona.

Ainda seguirão 6 horas da mais pura gastura, naquele dorme-não-dorme, a poltrona que não reclina direito, o pescoço que dói, o saculejo sem fim, o forró eletrônico interminável no radinho-celular sem fone de ouvido de algum perdido indo farrear no RJ. Do alto de sua soberania de algoz, o motorista me concede 30 minutos de respiro, numa parada nnum Graal, no meio do caminho. Quanta generosidade, moço, Deus lhe pague...em estriquinina.

Olho o relógio, cavuco o celular na bolsa. Nenhuma mensagem, nem de adeus, nem de volte logo, nem de promoção da TIM, esses cornos que sempre me mandam SMS de madrugada. Abandono full throttle.

Mais 3 horas pelas frente, nada pra se ouvir, a não ser o forró eletrônico maldito do sem-mãe sentado lá na frente, e as coisas que eu gostaria de ouvir, que ficam em repeat loop na cabeça, enquanto tento destravar a coluna e dormir.

Vejo, a 300 metros, a fachada da rodoviária Novo Rio, que de novo não tem nada, e olho mais uma vez o celular. A única mudança é, no visor, o TIM SP agora é TIM RJ.

Fim de luta. Soa o gongo. Perdi.

E como pra quem tá cagado um peido não faz medo, pego um táxi. Isso, um táxi, na porta da rodoviária no Rio. A derrota deixa a gente besta e destemido.

Nem cinturão de ouro, nem coroa de louros. Só Tony Bennett sabe o que se passa, ambos deixamos nossos corações em outras cidades. Então, bora viver roboticamente até voltarmos lá para buscá-los.





quarta-feira, 14 de setembro de 2011

Síndrome de Confúcio

Acabo de voltar da maior incursão por SP que já fiz até hoje. Tomei o ônibus errado, fui parar no centrão e voltei para onde ia, Perdizes, passando pela Pompéia. Na volta pra casa (Alto de Pinheiros), passei pela Lapa.

Durante toda essa perigrinação, constatei que saí pelada de casa. Ou seja, tristeza é definitivamente proibido. Eu poderia matar um filhote de cachorro, descangotar um bebê, chutar um idoso e NADA DISSO seria tão abominavelmente grave quanto não sair sorrindo na rua.

Sim, num País onde mesmo sem ter onde dormir as pessoas pulam carnaval, era de se esperar.



Todos temem a sua presença, não te dão informação, mal te olham na cara, como se fugissem de uma doença contagiosa. O esforço por um mero sorriso foi tamanho, que na Caixa o atendente contou 3 piadas enquanto cobrava a fatura (vencida há 1 mês) do cartão. Foi de uma gentileza tão grande que, se eu não estivesse com tanta pressa, ele provavelmente pagaria a minha conta, só pra me ver sorrir.
O trocador do ônibus errado não me deixou pagar outra viagem, para retornar para onde eu tinha que ir. Duas senhorinhas vieram com frases da Bíblia, sem sequer saber o motivo do meu bico. Imagino a decepção de todos eles, coitados...

Enfim, não sei se os guardinhas da CET estão canetando pessoas deprimidas também, mas a sorte é que não passei por nenhum durante o meu trajeto.

Isso tudo me fez lembrar e reparar no vício por frases de autoajuda que muitas pessoas no Facebook postam diariamente em seus murais. Tem de tudo, mas 90% delas fala sobre relacionamentos - como um todo, não só aquele que sofrivelmente tentamos engatar - e geralmente são pensamentos tão genéricos quanto as previsões do horóscopo (que as mesmas pessoas leem e acreditam).

Poucas coisas podem ser mais maldosas do que frases de autoajuda. É tão ruim quanto automedicação, no entanto as autoridades de saúde ainda não se manifestaram a respeito.
Exemplo que li ontem no Face - " Se eu quero, eu posso e CONSIGO!!! Não economize palavras, não economize sentimentos. Um dia pode ser tarde demais...". Quanta putaria...

Eu não libero os comentários aqui, mas acho que no meu perfil consta o meu email. Por favor, se alguém JÁ FEZ isso que manda a frase acima E DEU CERTO, por favor me escreva. Faço questão de mencionar o seu case de sucesso aqui no blog!

Tem mais essa - "Nunca deixe que nenhum limite tire de você a ambição da auto-superação". Então, você que foi demitido justo quando planejava uma subida de cargo na empresa, volte lá e SE RECUSE a sair! E se alguém contestar sua atitude, mostre a eles esta frase e tudo se esclarecerá, porque "O homem auto-satisfeito desconhece o vexame".

A não ser em Happy Valley, desacredito na eficácia de frases desta natureza. E o desafio está lançado: Pago uma caixa de cerveja ao primeiro que FILMAR a experiência de dizer a frase sobre sentimentos (a quem quer que seja o seu alvo sentimental), OBTENDO ÊXITO.


E pra encerrar no estilo, um pensamento: "Ser xepeiro no amor é perder a auto-estima."


domingo, 4 de setembro de 2011

Batisti Marilac

Depois que saí da cadeia, resolvi fazer algo de diferente! Resolvi ficar nesta cidadezinha brasileira, tomando meus bons drink, curtindo esse inverno maaaaaravilhoso do Brasil, e dividindo com vcs esses momentos meus! Esta cerveja está geladíssima! Saúde!
 
E teve boatos q eu ainda estava na pior... Se isso é tá na pior, PORRAN, o quê que quer dizer tá bem, né?!