quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

Occupy Ilha de Caras



Toda vez que me refiro à pessoas famosas que não fazem parte do mesmo nicho mas aparecem em fotos se abraçando, rindo em cascata e jurando amizade eterna, eu digo "amigos de Ilha de Caras".

Ora, Ilha de Caras nada mais é do que um final de semana com um catado de celebridades (conhecidas ou não), vivendo momentos de descontração e boca livre, para entreter quem ama saber da vida alheia e ainda paga pra isso. Verdade seja dita - é um marketing (nem sempre positivo) regado a bons drink e um rango de primeira!

Tirando onda com a cara de amigos e conhecidos no Facebook, me bateu a ideia do Occupy Ilha de Caras. Eu prefiro a Ilha porque o castelo tem goteiras, como disse esse pessoal aqui .
Ninguém sarado, nenhuma rainha de bateria, nenhuma esposa de diretor, nenhuma filha de socialite, nenhuma rainha da cirurgia plástica, nenhum ator de Malhação, nenhum cantor de sertanejo pré-escolar.
Podemos SIM ter um jogador de futebol, de algum time tipo Icasa (pra fazer o Xico Sá feliz), dando ênfase à pelada com o restante do grupo, formado (por enquanto) por jornalistas-sabores* que jogam nas 11. Vamos esbofetear a cara da sociedade com mulheres tamanho 44, de biquini e bebendo caipirinha de cachaça!
Nada de nouvelle cuisine francesa contemporânea mediterrânea D.O.C. molecular. O bom e velho churrasco - e por favor, entendam: o fato de ser churrasco não diminui a qualidade do rango - porque onde tem ajuntamento de homem, tem churrasco.
A atração musical até pode ser algum(a) amigo(a) hype do(a) amigo(a), mas o repertório é nosso.

E fica a dica: Repelente contra insetos é o must have da bolsa, porque em Angra chove o ano inteiro e já não é nem mais foco de dengue - é uma grande angular de dengue! E um celular que funcione, porque se chover demais, pode ter queda de barranco.



*jornalistas-sabores são jornalistas formados que hoje atuam em outras áreas além do jornalismo, tais como internet, tv, literatura, música e moda.

domingo, 18 de dezembro de 2011

Há outra



Só quem me conhece de verdade é que sabe o quanto eu detesto visita surpresa. Mas meu porteiro não sabe disso, apesar dos avisos e dos 7 anos em que eu moro nesse prédio.
Em casa, revirando receitas de comida pro domingo, sou surpeendida com a campainha da porta.
Antes mesmo do meu cérebro completar a tarefa de enviar sinais à minha fala e eu perguntar "Quem é?", o abuso se anuncia - "Abre! Sou eu!". É ela, e agora?

Abri, ela entrou com seu usual derrotismo, reclamando que passou por nãoseiquantos casais felizes no caminho pra cá. Ao constatar a minha cara de "eu não acredito que isto esteja acontecendo", com a dela mais lavada do mundo me pergunta, "Tá com essa cara por que? Tá cansada de saber que eu viria. Ou você acha mesmo que eu não sei da sua vida? Eu hein...".

Meu porteiro não faz isso com qualquer conhecido ou amigo meu. Faz isso com gente que ele SABE que anda comigo e evita a fadiga de incomodar a todos com a campainha do interfone. Sei que não posso culpá-lo se tenho uma stalker na vida.

Volto pra sala e pras receitas no computador e largo a abusada falando sozinha na cozinha. Ela, obviamente, vem atrás com sua betoneira de cobranças: "Não recebeu a mensagem que te mandei? A letra da Maysa?", "Eu vi o que ele escreveu no Facebook, sabia que você ia precisar de mim, mas você não parou em casa!", "Larga essa receita, vê aí o que tem de doce BEM DOCE pra gente fazer!".

Senti, nessa hora, o peso do que deve ser um homem com duas mulheres, de ter que revelar a uma delas (ou às duas) a existência da outra. Mas, assim como puxar a folha depilatória, é algo doloroso que um ser humano de bom caráter deve fazer. E eu fiz. E comecei pela deixa dela mesma - "Bom você ter mencionado aquela música da Maysa, porque é ela quem vai te responder agora."...

Segue a patifaria do diálogo:
T - "Como assim?"
D - "Ué, ela não diz 'Ouuuuuuuça, vá viver sua vida com outro bem, pois eu já cansei de pra você não ser ninguém'? Era um recado pra você..." 
T - "Pra mim não, querida! PRA VOCÊ, que tá aí passando ridículo esperando milagre desse cara!"
D - "Não tem nada a ver com o cara, por mais que você o odeie..."
T - "Como não? Eu LI o que ele postou no Face, na hora eu soube que você ia descer do seu saltinho, correr pra cama e chorar, porque é só o que você sabe fazer!"
D - "É aí que a Maysa canta pra você - Você é a outra."
T - "Ahn?"
D - "Apesar da sua arrogância desfarçada de caridade, venho tendo um caso contigo mas estou em um relacionamento..."
T - "Não vai me dizer que aquele ridículo tomou uma decisão? Ele nem toma conhecimento da sua vida, pinta e borda na tua cara e você não faz nada!"
D - "Não é ele, é ela. Ele não está nessa equação. E é por isso que estou te contando. E não é só um aviso, é um ponto final. Não quero mais você aqui, não quero te ver passando nem na porta do prédio, porque você me conhece e eu chamo a polícia!"
T - "E eu posso saber quem é?"
D - "Pra quê? Vai botar o nome da coitada na macumba?"
T - "Vê bem se eu sou rapariga?! Macumba é coisa de gente que não se garante em vida e tem que apelar pra espírito baixo e nojento igual a ela!"
D - "Pelo menos NISSO você tá certa..."
T - "Fala quem é!"

E aí, eu sorri.
Ela se espantou,  como se tivesse assistindo a um filme de terror. Levou a mão à boca, apertou os olhos, pegou a bolsa e bateu a porta atrás dela.

Tristeza sempre foi assim, barulhenta, dramática...Não dava mais.

E fiz panquecas, de parmesão com tomates e manjericão. Ficaram ótimas!


sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

Espírito (de porco) natalino



Fim de ano, época de extrema e estranha cordialidade entre as pessoas. Aquela cordialidade que aguardamos nos outros 11 meses do ano, e que teria feito a diferença.
Votos de paz, felicidade, sucesso, prosperidade vindos de pessoas que o ano inteirinho fizeram da existência neste plano um inferno, ou pior, não fizeram puerra ninguna para que de fato existisse paz, felicidade, sucesso e/ou prosperidade.

É tempo do tradicional e aparvorante tapinha nas costas, de sorriso amarelo, de presente inútil no amigo-secreto, de piadinhas manjadas sobre papai noel, de atendentes mau humoradas, de dentistas em recesso.

É também época de promessas, daquelas de fazer corar o mais proxeneta dos políticos brasileiros. Parar de fumar (com ou sem Dr. Dráuzio Varela), emagrecer, se casar, se separar, amar mais, amar menos, ser sincero(a), ser cínico(a), seja lá qual for a necessidade. Promessas que, se chegarem a ser de fato cogitadas na pós-ressaca, serão analisadas somente depois do carnaval, que é quando o ano definitivamente começa. Promessa de fim de ano é como promessa de cama - só engana.

Começam também as retrospectivas - na tv e nas cabeças - sobre fatos marcantes, para o bem e para o mal. Será que mandei mal com 'as pessoa'? Será que devia mesmo ter ido pra Liechstenstein, ao invés de ficar aqui esperando milagre dessa terra onde "tudo dá"? Vermelho ou dourado? Roberto Carlos em Jerusalém ou conto de natal da Xuxa? Compro a tal bicicleta, ou não? Eram os deuses astronautas?

Aos que sobreviveram ao ano de 2011, meus parabéns e OS SINCEROS VOTOS de boa sorte pro mítico 2012. E, pra não perder o costume, que o cajado do Bom Velhinho lhe toque fundo neste natal.

quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

Coração no espeto



A vida é uma grande churrascaria rodízio, onde o prato mais pedido é coração.

Se não tem o de galinha, serve humano mesmo. Desde que bem passado, porque sangue é grosseiro. Sangue significa que alguém sofreu e o sofrimento alheio não importa; há fome. E quem tem fome, tem pressa.

segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

O brega que eu habito

Soube através da Folha.com que hoje a "I'm not dog no" de Falcão completa 20 anos.

Tenho me espantado quase que diariamente com a quantidade de coisas e acontecimentos completando "20 anos". É por causa delas que luto semanalmente contra novos fios brancos de cabelo na minha cabeça.

Mas voltemos ao brega do Dr. Marcondes, que é mais leve. Na entrevista, Falcão explana claramente - caso algum incauto não tivesse atinado pra questão ainda - a diferença entre os bregas: "Brega é como colesterol, tem o bom e o ruim". Luan Santana que o diga...

Peneirar o fino do brega e separar os pedregulhos, como eram os feijões de antigamente, não é tarefa para iniciantes. É necessário destreza, paciência, bom humor e um amigo que lhe indique ao menos 1 nome, para que você siga a trilha de tijolos dourados com glitter e flores de todas as cores do brega nacional e internacional, por que não?

Como generosidade é meu nome do meio, resolvi ajudar os perdidos e os principiantes a montar um dia comemorativo do bom brega com a discografia básica:

"Nos teus braços", do mestre Reginaldo Rossi, é o que separa homens de meninos;

Como diz o anúncio do cartaz, seus grandes sucessos de parquinho de interior "Fatalidade" e "Por que brigamos", Diana é obrigatório;

O LP mais progressivo do goiano que arrebatou corações, todo se querendo na capa;

Um tonel de amor e sofrimento, a síntese do brega feito pelo cara que foi excomungado pela igreja católica. Ele é contra a pílula e a favor do amor;

Waldick, o cara que não era cahorro não, mas sofreu "Tortura de amor" e dizia (neste LP) que "Todo homem chora". Sem isso, não há vida legítima;

"Ah! Tanto eu tenho pra dar... E quanto mais eu tenho, Mais este amor me exige..."
Só pra começar. Aproveite que é segunda-feira, o natal ainda não chegou, e se aprofunde nas verdades do ser humano, no cafona que mora dentro de você. E que se dane o hype!

quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

Os 120 anos da minha mulher

E já de cara, um aviso: Se você é desses amargurados que gostam de discursar sobre a minha preferência por SP, está liberado da leitura. E da vida. Passar bem.


Eu gosto de SP, como eu gosto do Botafogo, como eu gosto de pizza napolitana, como eu gosto de sorvete de menta. Se "só eu" gosto disso, melhor assim, não lido com concorrências.

Hoje, a mulher da minha vida, com quem mantenho um relacionamento nada secreto (e deveras odiado pelos outros) há anos, está comemorando 120 anos.

Quando a casa caiu com o sujeito que eu tava dando chamego no longínquo ano de 2010, quem estava comigo? Ela. Sim, ela considerava o ménage numa boa, moderna que é.

Quando, depois de rodar horas pela cidade em busca de um artigo altamente raro no comércio paulistano, quem me ofereceu a solução e, de quebra, um lugar para sentar e descansar? Ela, que não tem recantos exatamente confortáveis, mas foi generosa o suficiente para abrigar lugares que são.

Quando resolvi passar o 1º de Janeiro em SP, com a Augusta dormindo, quem me ofereceu café, Engov e Lysoform? Ela, zelosa que é, com sua farmacinha 24hs.

Quando precisei fazer hora(s), esperando O CARA (esse sim, amor de muito) chegar em casa dos intermináveis compromissos, quem me fez companhia e me entreteve? Ela, que faz muito gosto do relacionamento, porque também tira uma casquinha dele quando eu não estou por perto - e nesse caso é uma embolação danada, porque também tem a Augusta no meio, de oferecida que é.

Todo relacionamento bem sucedido - e especialmente entre uma carioca e uma paulistana - é incompreendido, odiado, mal falado. Mas enquanto quem pagar minhas passagens pra SP for eu mesma, quero que os chatos se lasquem.

Tá gata, mô! 120 e mandando brasa!